Nas últimas décadas observamos um crescimento vertiginoso de oportunidades de aprendizado de uma segunda língua em diferentes contextos e modalidades de ensino no Brasil.
Frente a esse panorama, muitos pais tendem a se perguntar qual seria a forma mais efetiva para esse aprendizado. Conhecer teoria de cada formato de ensino de uma segunda língua e os seus consequentes resultados certamente esclarecerá suas dúvidas.
Há escolas que simplesmente intensificaram o ensino de uma segunda língua, distorcendo o conceito de educação bilíngue. Isto porque, o aprendizado efetivo de uma segunda língua sugere que a escola se preocupe com a combinação de aprendizagem de duas línguas através de conteúdos escolares. Desta forma, o objetivo da escola deve ser o de utilizar duas línguas oficiais como línguas de instrução.
Nessas bases, os resultados de pesquisas de ensino bilíngue comprovaram que programas de imersão total nos primeiros anos de vida da criança são extremamente benéficos tanto para o desenvolvimento de maior flexibilidade cognitiva quanto para o aprendizado da segunda língua. A imersão total se baseia na ideia de que a segunda língua deve ser aprendida de forma similar ao desenvolvimento da língua materna, sendo adquirida de forma relativamente inconsciente e, portanto, sem aulas formais desta língua em seus estágios iniciais.
Há evidências de pesquisa que sugerem que este aprendizado nos primeiros anos de vida do seu filho permite que eles adquiram pronúncia mais autêntica, uma vez que os sons de ambas as línguas, a materna e a segunda língua, estão sendo aprendidos simultaneamente. Além disso, a criança tende a aprender de forma mais natural e lúdica, estando livre de julgamentos aos quais crianças mais velhas, adolescentes e adultos já estão expostos
Conforme o seu filho cresce, o ideal é que o aprendizado da segunda língua aconteça de forma conjunta ao da língua materna, tanto no desenvolvimento da compreensão e da oralidade, quanto nas habilidades de leitura e escrita. Assim, o programa de imersão ganha novos desafios: seu filho aprenderá não somente as duas línguas, mas sobretudo conteúdos escolares através delas, as quais serão desenvolvidas e mantidas durante toda a escolaridade de forma igualitária.
Nesta modalidade de educação bilíngue aditiva, as crianças apresentam melhores resultados nas áreas de desenvolvimento cognitivo e social em comparação aos seus pares monolíngues. É importante ressaltarmos que por pares monolíngues, tratamos tanto de crianças que têm instrução somente na língua materna quanto aquelas que a recebem somente na segunda língua.
O segredo dos melhores resultados, portanto, concentra-se no ensino e na manutenção de ambas as línguas durantes toda a escolaridade de seu filho, desde os anos iniciais – no formato de imersão – assim como ao longo de sua trajetória escolar – no formato de um programa de ensino de conteúdo em duas línguas.
Além destes benefícios, a longo prazo, alunos que aprendem uma segunda língua nos primeiros anos de vida apresentam o mesmo desempenho oral de alunos que foram instruídos somente na segunda língua, e não surpreendentemente, melhor desempenho nas habilidades de leitura e escrita em inglês, justamente pela necessidade de desenvolvimento de mais foco de atenção, isolamento de uma língua para compreender a outra, assim como transferência de conhecimento entre as línguas e a habilidade de compará-las.
Aprender uma segunda língua nos primeiros anos de vida de seu filho lhe oferece a oportunidade de ser mais competitivo no mercado de trabalho, pois se torna mais habilidoso para se comunicar em um nível global, justamente por possuir duas formas de descrever o mundo e, portanto, interpretações e percepções mais flexíveis. Em momentos de intolerância cultural, ser bilíngue também permite que seu filho se torne mais consciente das diferenças entre as culturas e, sobretudo, desenvolvendo a habilidade de negociar entre dois sistemas culturais.
Referências Bibliográficas: Garcia, Ofelia – Bilingual Education in the 21st Century