Desenvolvimento da criança na escola a partir de 1 ano de idade

Desde seu nascimento, a criança passa por inúmeras vivências que terão impacto direto em sua vida adulta.

Suas primeiras experiências de vida acontecem no contexto familiar, onde os espaços vão sendo reconhecidos através de olhinhos atentos e ávidos por descobertas. Este também é o primeiro ambiente onde os pequenos começam a se sentir seguros e acolhidos pelos cuidados de seus pais e outros adultos de seu convívio.

A entrada na escola, anseios e desafios

A entrada na escola, anseios e desafios

Para um grande número de crianças, a partir do primeiro ano de vida é chegado o momento de expandir tais vivências para um ambiente totalmente desconhecido, a escola.

Ao adentrar este universo novo, um mundo de possibilidades se descortina para este pequeno ser, que passará a compartilhar valiosas oportunidades de aprendizagem com crianças de idades próximas a sua.

A exploração diária em um contexto diferente daquele que lhe é familiar, possibilita que a criança desenvolva habilidades até então desconhecidas para ela, como a de se localizar em um espaço novo, conhecer os limites e os obstáculos do ambiente que a rodeia e assim poder se locomover com mais confiança e autonomia.

Nesta fase da vida, a criança aprende a explorar os diferentes recursos do próprio corpo através de seus sentidos: olfato, tato, visão, audição e paladar. A partir de situações planejadas com o objetivo de despertar tais sentidos, ela explora o mundo a seu redor e potencializa suas possibilidades de aprendizagem.

Que aspectos do desenvolvimento infantil merecem atenção?

Que aspectos do desenvolvimento infantil merecem atenção?

Neste sentido, a área da linguagem é uma das mais favorecidas, uma vez que na interação constante com os adultos que a cercam no contexto escolar, a criança amplia seu repertório linguístico significativamente. Isto ocorre especialmente pela necessidade de comunicar a estes cuidadores suas necessidades fisiológicas básicas, expressar seus agrados e desagrados e iniciar um processo de contato afetivo do qual todos carecemos como seres sociais que somos.

Este avanço se dá especialmente porque a criança precisará se comunicar com pessoas que ainda não conhecem o significado de seus gestos e de sua intenção comunicativa, algo a que seus pais e cuidadores em casa já estão habituados.

O ato comunicativo é apenas uma parte deste processo de aprendizagem. A rotina escolar traz para a criança o contato sistemático com a linguagem literária e todos os importantes elementos que caracterizam tal linguagem narrativa e que aos poucos vão se tornando familiares para a criança. Nos momentos de leitura em voz alta, o professor oferece à criança a oportunidade de se conectar com os personagens, permitindo-lhe tocar o livro e servindo como modelo de leitor experiente, fator comprovadamente decisivo para a construção de sólidos hábitos de leitura no futuro.

No contexto escolar a criança se apropria também de outros tipos de linguagem como a artística que lhe permitirá se expressar através do grafismo e assim perceber que seus movimentos com o giz, lápis, tinta ou qualquer outro material, deixa marcas e lhe confere um protagonismo enquanto produtor de tais marcas.

A importância dos desafios motores para o crescimento da criança

A importância dos desafios motores para o crescimento da criança

O ato motor também é entendido como linguagem nesta etapa, uma vez que é usado como ferramenta de expressão pela criança. Desta forma, a vivência escolar contribui para o desenvolvimento da criança ao lhe proporcionar a possibilidade de exploração de ambientes promotores de aprendizagem, onde os objetos e as rotinas estão a serviço de seu crescimento cognitivo, corporal e emocional.

Na escola ela terá a oportunidade de testar os limites de seu corpo e vivenciar os desafios motores que precisará transpor para a construção de um repertório de movimentos consistente e que lhe permitirá explorar o mundo a seu redor em sua plenitude. Com os estímulos diários, o ato de caminhar, correr, saltar e transitar por espaços com obstáculos se aperfeiçoa e permite que a criança ganhe segurança para se arriscar em novas aventuras como se deslocar da sala na companhia de seu grupo, ou se dirigir a espaços que já conhece.

Por volta dos 15 meses a criança começa a refinar um pouco mais seus movimentos que até então eram mais amplos. Nesta experimentação, inicia um ato imitativo de levar por exemplo, uma colher à boca ou fazer uso de uma escova, escovando-se e aproximando-se do uso mais convencional destes objetos.

O convívio no ambiente escolar permite ainda que a criança aprenda a lidar com o medo e outros estados emocionais mais complexos, como o momento da separação da mãe e a possibilidade de confiar em outros adultos. É no contato sistemático com o outro que ela começa a perceber que não é uma extensão da mãe, que a sua vontade não é soberana. Ela começa a se dar conta de que é preciso conquistar não somente seu espaço neste novo local, mas também o afeto de seus pares e cuidadores, algo que no ambiente familiar, já está garantido.

Ao compartilhar o espaço, os objetos e a atenção do adulto com seu pares, a criança passa por um processo de aprendizagem importante, no qual estão envolvidas as habilidades de resiliência, autonomia e conhecimento das primeiras regras de convívio social.

Tais habilidades são exercitadas diariamente nos momentos de cuidados básicos como troca de fralda, higienização das mãos e atendimento às suas necessidades.

Em tais situações cuidadores e educadores, ampliam o repertório linguístico da criança nomeando suas ações enquanto as executam, nomeando as partes do corpo da criança e os objetos que estão usando em seus cuidados. Este ato funciona como motor impulsionador da intenção comunicativa para a criança, uma vez que lhe abastece com vocabulário rico, significativo e carregado de carga afetiva. Neste sentido, acontece também um grande avanço no desenvolvimento das crianças que se abrem para a construção de laços emocionais sólidos que lhes trará a segurança necessária para estar em um outro ambiente, sem a presença da mãe e outros familiares.

Para as crianças desta idade todo e qualquer momento da rotina é uma oportunidade de aprendizagem. Desta forma, o momento de alimentação como o lanche, constitui-se como situação única de aprendizado. É na hora do lanche que aprendem a compartilhar o espaço, a esperar sua vez de serem servidas, a permanecerem sentadas para desfrutar de sua refeição e a conhecer os sabores de cada alimento.

O vínculo afetivo e a convivência no ambiente escolar

O vínculo afetivo e a convivência no ambiente escolar

Ao participar de tais momentos de convivência rotineira, a criança fortalece os vínculos com a escola, com seus pares e com os adultos que dela cuidam neste ambiente.

O convívio diário permite ainda que os pequenos, gradativamente construam um senso de pertencimento a um grupo e vivenciem valores como o respeito e a amizade.

Considerando todos estes aspectos, reconhecemos que é necessário um grande investimento de tempo, conhecimento pedagógico, afetividade e confiança para que a experiência escolar da criança pequena seja bem sucedida.

Entretanto, para nós profissionais que nos dedicamos diariamente a participar desta etapa tão decisiva da vida das crianças, é extremamente gratificante saber que de alguma forma contribuímos positivamente para o seu desenvolvimento emocional e cognitivo.

Nos alegramos diariamente com suas conquistas por menores que sejam, limpamos suas lágrimas e os encorajamos a seguir crescendo e nos desafiando com sua incessante curiosidade e prazer pela descoberta.

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Tópicos EDUCAÇÃO INFANTIL

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Jacqueline Cappellano
Pedagoga, pós-graduada em Bilinguismo e Coordenadora da Educação Infantil da Escola Internacional de Alphaville. Grande entusiasta da Educação Bilíngue e fascinada pelo universo da educação infantil, esta cinéfila inveterada enxerga no intercâmbio entre ideias e culturas, um caminho para a paz entre os povos.